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Literatura

“O herói que usa uma túnica de monge…”, analisa a Estante da Mi

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Blog literário avalia o livro “Monge Guerreiro”: “O seu herói tem capa? O nosso usa uma túnica de monge e uma espada templária e é dele que vamos falar hoje”

@estantedami

por Milene Farias (Rio Grande do Sul)

Resenha “Monge Guerreiro”

Anos após debandar da Ordem do Templo, Bastian Neville tenta reconstruir sua vida em um Mosteiro de São Miguel Arcanjo perto da Grécia. Ali ele tenta encontrar a sua paz e se perdoar pelos pecados terríveis que cometeu na sua vida de Cavaleiro Templário. A cada vida ceifada o corpo recebe uma marca, e a cada sono refreado com um pesadelo é a sua alma que é marcada.

E entre uma penitência e outra do monge Bastian, o Rei da França Luis IX decide cobrar uma dívida do imperador de Constantinopla e como pagamento ele pede nada mais e nada menos do que duas das maiores e mais poderosas relíquias do mundo: a Sagrada Coroa de Espinhos que fora colocada mil anos antes na cabeça de Jesus Cristo e também a Longinus ou Lança do Destino, que foi usada para ceifar a vida dele.

A história vai sendo contada do ponto de vista dos personagens principais, por isso muitas coisas acontecem juntas mas em locais diferentes.

Então, Chistopher Blancher, o grão-mestre da Ordem do Templo vai comandar a missão da Sagrada Coroa junto de outros 100 cavaleiros. E à Bastian será incumbida a missão de levar a Lança do Destino. O lugar combinado para se encontrarem e assim partirem para a França será a Fortaleza Ilhada, localizada no Reino de Orhan sob domínio do Rei cristão Sophyr Jaroslav. Mas infelizmente a Fortaleza, conhecida assim por nunca ter sido conquistada por nenhum inimigo antes, foi invadida pelo terrível e demoníaco Rei Negro, Slatan Mondragone, que deseja acima de tudo matar cada cristão na terra e usar os símbolo daquela religião que um dia destruiu sua vida, ainda criança, como sinal de sua força e poder.

Agora, o perigo está à espreita e essa será a maior e mais dura jornada que os Templários e o Monge enfrentarão. Ao longo desse duro e tempestuoso caminho vamos conhecer personagens marcantes, e essenciais para a história.

Meu personagem favorito, além do Monge, é claro, foi a Princesa Guerreia Mongol, a Setseg, neta do próprio Gengis Khan, um dos maiores guerreiros já conhecidos, ela lutou pelo seu destino e fez as próprias escolhas apesar de ser uma princesa e por um acaso, talvez divino, ela cruzou o caminho de Bastian para acompanhá-lo até Orhan e é aí que começa a ser desenvolvida uma história pura e sincera de amor , daquelas que te fazem torcer para terminar nos modos do “felizes para sempre” mesmo que fiquemos receosos quanto ao destino dos nossos queridos personagens.

Nessa Odisseia Medieval, os templários e os monges têm suas habilidades e sua fé postas a prova em cada canto do longo percurso que farão.

O livro é bem descritivo quanto aos locais e ações dos personagens, mostrando de forma transparente os sentimentos e também a crueldade que os homens são capazes de fazer pelo poder. O mago dos infernos, o Mil Luas ou o Nuray te faz ficar paralisado de terror e ao mesmo tempo sentir muita raiva dele.

Os rituais e as torturas que são descritas aqui fazem o estômago embrulhar (pelo menos o meu) e pra piorar, a gente sabe que isso e coisas piores aconteciam nessa época.

Forte. Bem construído. Poderoso. Essa é uma obra brasileira de uma qualidade grandiosa. A narrativa foi extremamente bem feita, pesquisada e avaliada com todo o cuidado. Dá para sentir em cada descrição de local e personagem que o autor mergulhou fundo nesse período da História Medieval, marcado pela assolação causada pela peste negra e pela religião usada como estratégia de conquista e poder.