Presidente da Academia de Letras, escritora Ester Abreu analisa o drama da Segunda Guerra. “Que imaginação! Que pesquisa histórica! Que pintura de seres amorosos!”
por Ester Abreu, presidente da Academia Espírito-santense de Letras
Dividido em três partes, com capítulos variados, esse romance polifônico de Romulo Felippe prende a atenção do leitor pela clareza da linguagem, pelas descrições do local montanhês, e pela montagem dos argumentos de um exímio contador de histórias.
Os variados capítulos provocam uma interrupção da leitura para um descanso do leitor que se envolverá com novas aventuras. As gravuras no início dos capítulos 1 e 2 (este está na capa da obra) e as introduzidas no início do capítulo produzem uma pausa no olhar e um estímulo à fantasia.
Reforçam o título os pequenos pássaros marcadores das páginas que trazem a doabilidade simbólica da cor negra da obra: pássaros: gralhas – a liberdade da natureza; e pássaros: homens – a tragicidade dos aviadores do Esquadrão da morte da SS.
Dizer que a narrativa se refere à história de uma família que vivia de sua renda na venda de queijos e lãs de ovelha, que comemoravam o aniversário de uma adolescente e sentia-se a proximidade do Natal, que era inverno e a casa se localizava em uma íngreme e fabulosa montanha seria pouco, pois suas vidas vão sofrer uma reviravolta com a caída de uma aeronave com sete passageiros militares nazistas e estavam na segunda guerra mundial.
Esse fato impulsionará uma trama de morte, ódio e amor. Os diálogos aceleram o ritmo da história e são iluminados por poemas musicais, criam tensão e suspense, mas a partir do terceiro capítulo, narrativas e diálogos se entremesclarão com cartas, tornando a obra variada em gênero.
Com estes detalhes o romance se dividirá em dados sócio-culturais entre Itália/Áustria, históricos de um período bélico, trágicos, na apresentação da brutalidade do homem-fera em um ambiente bélico e nas consequências psicológicas e emocionais que levam consigo o proceder humano.
Mas para acalmar a tensão do leitor, o narrador apresenta cenas de amor, de erotismo e de belezas naturais. O que me fez questionar é que em dezembro de 2021, se não estou enganada, Romulo me disse estar na Bahia, em férias, à beira mar iniciando a escrita desta obra tão montanhosa e tão emprenhada de linguagem, paisagem e cultura italiana.
Que imaginação!! Que pesquisa histórica! Que pintura de seres amorosos!
*Ester Abreu Vieira de Oliveira é presidente da Academia Espírito-santense de Letras, autoras de dezenas de livros. Graduada e Bacharel em Letras Neolatinas pela Ufes. Tem vários cursos de Especialização em língua e literatura espanhola. Mestra em Letras Português pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR); doutora em Letras Neolatinas pela UFRJ e com pós-doutorado em Filologia Espanhola – Teatro Contemporáneo, pela Universidade Nacional de Educação à de Madri (Uned). É Membro do Colegiado do Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Letras da Ufes