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Literatura

“O coração do leitor vai sangrar a cada golpe que Bastian receber”

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Autora gaúcha Ceres Marcon, uma das mais talentosas do país, lança a sua lupa sobre o épico Monge Guerreiro, de Romulo Felippe

Ceres Marcon

escritora

(MONGE GUERREIRO – ROMULO FELIPPE)

Começo pela relação, impossível não fazer, entre o autor e o personagem. Romulo Felippe poderia muito bem ser um Cavaleiro da Ordem. Tirando essa minha fixação por fazer o autor virar protagonista, Romulo Felippe é superacessível, uma simpatia e nunca deixa de dar uma resposta aos seus leitores.

A capa do livro é muito bonita e retrata uma das passagens da história, a mais empolgante, com certeza. Cada desenho interno nos faz imaginar o que virá a seguir.

Como está na sinopse, Monge Guerreiro é uma história medieval, em um mundo onde cristãos e pagãos ainda se enfrentavam em batalhas sangrentas, cada um defendendo seu direito de idolatrar seus deuses. Um mundo em que os Cavaleiros da Ordem têm destaque, por colocarem suas vidas em risco para garantir que o cristianismo ganhe força. Homens que acreditam de corpo, alma e coração no que fazem, e enfrentam, sem medo, os perigos de cada jornada.

O autor Romulo Felippe faz uma mescla muito boa entre realidade e fantasia. Os eventos reais misturam-se aos ficcionais de forma harmônica. Alguns lugares surgem para enfatizar a importância de Bastian Neville para o que virá ao final, e faz com que o leitor acabe por dar crédito à narrativa e querer que seja real.

Aos poucos, vamos conhecendo as personagens de Monge Guerreiro. O grande antagonista, Slatan Mondragone, também conhecido como Rei Negro, mostra toda a sua aversão aos cristãos e ao que está disposto para atingir seu objetivo. Ao seu lado, Nuray, o Mil Luas, o mago secular, que vai levar Slatan à coroação.

O protagonista Bastian Neville só nos é apresentado na terceira parte do livro, no capítulo 15. Todos os acontecimentos anteriores são descritos para que Bastian entre em cena, no momento adequado. Sem o conhecimento dos acontecimentos e histórias paralelas, seria impossível chegarmos ao protagonista e termos simpatia por sua causa.

Como toda boa resenha, preciso enfatizar alguns pontos.

A ideia do autor Romulo Felippe de criar uma história medieval com fantasia pode não ser original, mas tem muita criatividade em toda a sequência. Somos compelidos a seguir, capítulo a capítulo, porque desejamos entender o que move cada uma das personagens. E é nesse ponto que a trama faz sua parte. O livro flui. Não há descrições em excesso, nem faltam elementos para que o leitor consiga entender os acontecimentos, mesmo que não conheça História e nem tenha tido alguma informação dos Cavaleiros da Ordem.

Os pontos de virada são sutis, mas estão em cada um dos capítulos que findamos. O leitor não se perde no início dos capítulos. O autor Romulo Felippe faz com que seja possível situar os acontecimentos e entrelaçar cada uma das cenas. Em alguns momentos, ocorrem variações de pontos de vista, mas são tão insignificantes que não atrapalham a leitura. Sabemos, perfeitamente, a quem aquela cena pertence.

O coração do leitor vai sangrar a cada golpe que Bastian Neville receber durante sua jornada heroica. Portanto, preparem-se para grandes emoções.

 

Ao autor, Romulo Felippe: posso dizer que meu coração se despedaçou e ficou aos pés do dragão – sem spoilers – torcendo para que tudo fosse diferente. Imaginando uma nova jornada, uma nova batalha.  Uma lástima que Bastian não tenha reconhecido em Christopher Blanche quem deveria reconhecer, e que essa história tenha ficado apenas nas memórias do velho Grão-mestre.

 

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