O escritor Rafael Cordeiro: “tudo é tão bom no livro que qualquer outra versão se tornaria desinteressante”
Rafael Cordeiro
Escritor
Rio de Janeiro
Preciso dizer algumas palavras sobre o excelente “Monge Guerreiro” (editora Cavaleiro Negro), do Romulo Felippe
“Cicatrizes são eternas e contam muitas histórias. E você possui inúmeras delas. Eu poderia dizer, pelo que vejo, que seu corpo é um extenso pergaminho.”
O livro do Romulo tem toda uma roupagem de ficção histórica onde a fantasia é introduzida com uma parcimônia que torna tudo impressionantemente natural. E, assim sendo, nas notas finais do autor, ele se dá ao trabalho de justificar a opção pela ficção e fantasia dentro de sua narrativa em detrimento de uma historicidade sóbria.
MAS, NA VERDADE, EU NÃO QUERO NEM SABER SE ACONTECEU DE OUTRA FORMA. A partir de agora, os fatos históricos retratados no livro aconteceram exatamente como Romulo os narrou. A jornada, os personagens, os povos, os embates; tudo é tão bom que qualquer outra versão se tornaria desinteressante.
Realmente dá gosto de saber que um trabalho tão competente – não só o de escrita, como o de pesquisa, porque mesmo seus elementos fantásticos tem bases históricas – foi escrito por um conterrâneo, mais precisamente capixaba. Nós temos que parar de tratar o nacional como subproduto porque até mesmo o resto do mundo já não pensa assim, tendo em vista que o “Monge Guerreiro” foi publicado por uma das maiores editoras europeias.
“Um homem pode morrer de muitas formas, mesmo que ainda transite respirando pelos confins do mundo.”
Homens morrem, mas histórias não. Certamente não uma boa como essa.